quinta-feira, 29 de maio de 2008

Angola

Angola

sofrida e amargurada

mas amada

Angola que teus filhos vis-te partir

e que culpa têm os filhos

Angola

tu es mãe

tu es nossa

mas a nós não pertences

a terra das esperanças mortas

dos sonhos perdidos

da juventude esquecida

da criança nua

terra de gente sofrida

Angola

em teu ventre nascemos

vimos a morte de nossos irmãos

numa guerra que não era nossa

angola

do petroléo, do cafe

do diamante...

terra rica onde a pobreza reina

das riquezas um punhado de homens

alimentam-se

esquecendo que nesta refeição

a sobremessa é o povo

Angola

terra do havemos de voltar

e que ansiedade de voltar.

Luanda

Luanda

de amores e desamores, odios e invejas

cidade do mujimbo, do viu e disse

cidade da kianda e do kimbanda

Luanda

dos mercados o orgulho e ganha pão de muita gente

Luanda não dorme cochila escassas horas

Luanda

das praças da noite, cervejas e pinchos de lamber os dedos

Luanda

de estorias bizarras do jacare bangão

homem cobra, mão preta e outras que fizeram epoca

Luanda

de encontros e desencontros

do ponto final, da chicala, do farol, do benfica

o draga muitas fimbias.

Luanda

dos muceques onde as nossas kotas pela manhã

varrem as portas uma maneira de espantar os males

logo ao começar o dia

Luanda

dos capitães de areia

da prostituição, do BO ao fundo da ilha

mulheres vendem o corpo em troca de um pouco

Luanda

do Dagosto, do petro, ASA,

dos trumunos de bairro nas manhãs de domingo

Luanda

do grito da peixeira ao raiar do dia

da festa da ilha, oferendas a kianda

os trapalhões testemunha de tantas trapalhadas

Luanda

do carnaval o da vitoria que o hoje esta longe de ser vitorioso

Luanda

dos nossos kotas que fizeram nome na sua epoca

kota elias, urbanito, david ze. joana pernambuco

e tantos outros

Luanda

do kizomba, mãe preta. maria das crequenhas

onde os kotas rasgavam de verdade

Luanda

das lojas do povo, dos depositos de pão

das bilheteiras de cinema onde "Hercules"

disputavam a hegemonia dos punhos

num negocio que rendia alguns tostões

Luanda

das kinguilas milionarias anonimas

afinal elas trabalham com milhões

Luanda

dos intermediarios tremendos

charlatões com pinta de honestos

sempre amealhando algum

Luanda

dos dya-u-zeca que sonham com dias melhores

sem moverem um dedo

Luanda

onde nenhum policia bebe alcool

eles so pedem gasosa e têm uns pentes

que não deixam piolhos a ninguem

Luanda

da mamã kitandeira

do bombo com ginguba

hoje é so saudade

Luanda

é aquela hoje choras

amanhã ris

hoje tens

amanhã chupas o dedo

Luanda de todos nós

a cidade da minha saudade

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